quarta-feira, 13 de maio de 2009

I Parte

No sorriso dele eu já não via mais o receio. Pensei em quebrar o silêncio entre nós, mas antes de eu acabar de pensar nisso apareceu um rapazinho que se pôs à nossa frente e disse um 'olá' cheio de emoção.
- Olá. - respondi, tentando corresponder com a mesma emoção.
- Venha brincar connosco à apanhada. - disse ele, ignorando a presença do outro rapaz que estava sentado ao meu lado.
- Vens? - perguntei ao outro rapazinho que tinha cativado a minha atenção.
- Não, prefiro ficar aqui.
Mordi o lábio e pensei numa resposta simpática para dar ao rapaz cheio de energia que estava de pé à minha frente.
- Vou já lá ter.
- Mas venha mesmo, porque o Tiago não vem de certeza. - disse ele, virando as costas e voltando a brincar à apanhada no pátio.
Eu olhei para o Tiago, tentando perceber o que o outro rapaz quisera dizer com aquele comentário. Ele não respondeu, apenas encolheu os ombros e olhou para outro lado.
- Então chamaste Tiago, certo? - perguntei.
- Sim. E você? - perguntou com timidez.
- Chamo-me Lara. Podes me tratar por tu. - disse a sorrir.
O Tiago correspondeu com um sorriso simpático. Era um rapaz muito giro: olhos castanhos, cabelo escuro e pele escura. Tinha a estatura de um menino de nove ou dez anos.
- Posso saber o que vieste cá fazer? - perguntou, arregalando os olhos.
- Vim fazer uma visita. Gosto muito de crianças, sabes.
Ele abriu a boca, deixando-me na expectativa de que queria dizer algo que não disse, pois voltou a fechá-la e olhou novamente para o lado. De repente, olhei para o pátio para observar os outros rapazes que lá estavam a brincar e vi uma senhora de bata vermelha a ralhar com eles. Levantei-me para ir saber o que se passsava e olhei para o Tiago.
- Vens comigo?
Ele não respondeu. Levantou-se e deu-me a mão. Já tinha reparado que o Tiago não gostava muito de falar. Quando chegámos à beira da senhora eu apresentei-me.
- Olá, eu sou a Lara. Estou cá de visita.
- Olá, Lara. Eu sou a professora deles, a Cândida. - disse de forma simpática, fazendo uma breve pausa. - Tiago, o que estás a fazer aqui fora? Vai para a sala de convívio, querido, não podes apanhar vento.
O Tiago olhou para mim e largou-me a mão. Sorriu e disse-me um 'adeus' baixinho que quase que não ouvi. Enquanto ele saía pela porta do pátio, vi-o sair a passo acelarado.
- O Tiago está doente?
- Sim, mas já está melhor. - respondeu-me com naturalidade. - Pedro, não empurres o Afonso! - gritou com um dos meninos.

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