terça-feira, 2 de junho de 2009

I Parte

Na sexta-feira de manhã quando cheguei ao escritório arrumei a papelada toda que tinha que trabalhar enquanto fazia tempo para ligar para a directora da instituição. Assim que arrumei tudo fui tomar o pequeno-almoço com a Beatriz, a minha melhor amiga.
- Hoje vou ver se saio mais cedo. - disse-lhe.
- Porquê? - perguntou, enquanto dava uma trinca no pão com manteiga.
- Lembraste de eu te falar daqueles meninos da instituição?
- Sim, sim. Até falaste bastante de um menino em particular.
- Exacto, o Tiago. Olha decidi que hoje vou lá outra vez.
- Gostaste mesmo de lá ir, Lara? Não ficas triste com o que vês? Afinal de contas são crianças orfãs.
- Não te vou dizer que não fico triste, claro que me deixa deprimida saber que aquelas crianças não têm familiares...
- Eu não sei se era capaz de lá ir. Depois apegámo-nos às crianças e torna-se tudo mais difícil. - disse-me a Beatriz.
- Pois, mas eu prefiro sofrer mas puder dar-lhes um pouco do amor que lhes faz falta.
Mal cheguei à sala, peguei no telemóvel e marquei o número do telefone da instituição que já sabia de cor. Ouvi atentamente o sinal a chamar.
- Estou sim? - perguntou-me a voz do outro lado da linha.
- Bom dia, daqui é a Lara. Fui a semana passada fazer uma visita e gostava de perguntar se poderia passar aí ao final da tarde para fazer mais uma visita.
Senti que havia uma hesitação na resposta.
- Sim, pode cá aparecer por volta das seis horas que já devem cá estar os meninos quase todos.
- Muito obrigada. Então fica combinado.
- Até logo então, Lara.
As horas no meu psicólogico passaram muito lentamente devido à ansiedade para voltar a estar com aquelas crianças. Chegaram as cinco e meia da tarde e eu comecei a arrumar as minhas coisas. Entrei no carro e pus o rádio a tocar. Estava, de facto, ansiosa por estar com eles, especialmente, pois tinha de o confessar no meu intímo, com o Tiago. Estava com um pouco de medo da reacção deles. Só tinha lá ido uma vez. Não sabia o que podia esperar deles. Mas desejava que eles gostassem da visita.
Estacionei o carro no parque mais próxima da instituição. Quando cheguei à entrada, toquei à campainha e quem me veio logo abrir a porta foi quem eu mais queria ter visto, o Tiago. Esboçou um sorriso de orelha a orelha que eu nunca lhe tinha visto no rosto. Dei um passo em frente e ele agarrou-se à minha cintura.
- Olá Tiago. - disse a sorrir para ele.
- Olá, Lara. Pensei que não ias voltar mais como as outras pessoas que cá vieram! - disse, finalmente largando-me.

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